A ideia veio como um relâmpago e num instante a verdade foi revelada. ~Nikola Tesla~
Tesla é muitas vezes descrito como um importante cientista e inventor da idade moderna, um homem que “espalhou luz sobre a face da Terra”. É mais conhecido pela suas muitas contribuições revolucionárias no campo do electromagnetismo no fim do século XIX e início do século XX. As patentes de Tesla e o seu trabalho teórico formam as bases dos modernos sistemas de potência eléctrica em corrente alterna (AC), incluindo os sistemas polifásicos de distribuição de energia e o motor AC, com os quais ajudou na introdução da Segunda Revolução Industrial.
Depois da sua demonstração de transmissão sem fios (rádio) em 1894 e após ser o vencedor da “Guerra das Correntes”, tornou-se largamente respeitado como um dos maiores engenheiros electrotécnicos que trabalhavam nos EUA. Muitos dos seus primeiros trabalhos foram pioneiros na moderna engenharia electrotécnica e muitas das suas descobertas foram importantes a desbravar caminho para o futuro.
Durante este período, nos Estados Unidos, a fama de Tesla rivalizou com a de qualquer outro inventor ou cientista da história e cultura popular, mas devido à sua personalidade excêntrica e às suas afirmações aparentemente bizarras e inacreditáveis sobre possíveis desenvolvimentos científicos, Tesla caiu eventualmente no ostracismo e era visto como um cientista louco. Nunca tendo dado muita atenção às suas finanças, Tesla morreu empobrecido aos 86 anos.
Há uma foto grande de Tesla na Estátua da Liberdade Museum. O Liberty Science Center, em Jersey City, New Jersey tem uma demonstração de ciência diária da bobina de Tesla, criando um milhão de volts de eletricidade diante dos olhos de espectadores.
Por cerca de 20 anos na virada do século, ele foi conhecido e respeitado nos círculos acadêmicos mundiais, correspondeu-se com físicos eminentes de sua época, incluindo-se Albert Einstein, foi citado e consultado em matéria de ciência elétrica, adotado pela alta sociedade de Nova Iorque, respaldado por gigantes das finanças e da indústria tais como J. P. Morgan, John Jacob Astor e George Westinghouse. Teve como amigos eminentes artistas, tais como Mark Twain e o pianista Ignace Paderewski. Contam-se às dúzias os seus graus honoríficos, prêmios (inclusive o Nobel) e outras citações.
Um dos mais incríveis cientistas da história humana. E um dos gênios mais subestimados da espécie. Assim pode ser definido Nikola Tesla. Seu maior objetivo sempre foi o fornecimento de energia gratuita, para toda humanidade. Talvez por isso mesmo, tenha morrido quase na miséria.
Suas criações, especialmente no campo da comunicação, imiscuem-se até hoje na tecnologia do dia a dia, quase sempre sem o devido reconhecimento ao inventor.
Ele tinha uma extraordinária memória, que tornou-lhe fácil aprender seis idiomas. As habilidades mentais de Tesla requerem alguma menção, desde que, não somente ele tinha uma memória fotográfica, como também possuía a habilidade de usar uma visualização criativa com uma intensidade fantástica.
Ele descreve em sua autobiografia, quão hábil ele era para visualizar um aparato em particular, testá-lo realmente, desmontá-lo e checá-lo, para que funcionasse na prática!
Durante a fabricação de suas invenções, ele trabalhava com todos os planos e especificações em sua cabeça. O invento, após ser montado sem nenhuma modificação, funcionava perfeitamente.
Tesla dormia apenas uma ou duas horas por dia, e trabalhava continuamente em suas invenções e teorias sem descanso e sem tirar férias. Podia avaliar as dimensões de um objeto ao centésimo de polegada, e realizar difíceis cálculos em sua cabeça, sem ajuda de régua de cálculo ou tábuas matemáticas. Muito longe de ser um intelectual em sua torre de marfim, ele tinha muita consciência do mundo à sua volta, fazia questão de tornar acessíveis as suas idéias ao público em geral, através de freqüentes artigos escritos para os jornais, e em seu próprio âmbito, através de palestras e artigos científicos.
Tesla começou a melhorar a linha de dínamos de Edison, enquanto trabalhava no laboratório em Nova Jersey. Foi aqui que a sua divergência de opinião com Edison sobre corrente contínua e corrente alternada começou. Apesar de muitas descobertas profícuas, as divergências entre Tesla e Edison, o fez, em 1912, recusar em dividir o Prêmio Nobel de Física entre os dois. Assim, o prêmio acabou sendo dado a outro pesquisador.
O mais importante trabalho de Tesla ao final do século dezenove foi um sistema original de transmissão de energia através de antena. Em 1900, Tesla obteve suas duas patentes fundamentais sobre transmissão de energia sem fio, que envolviam o uso de quatro circuitos sintonizados. Em 1943, a Suprema Corte dos Estados Unidos concedeu a Nikola Tesla plenos direitos sobre a patente de invenção do rádio, substituindo e anulando qualquer reclamação anterior de Marconi e outros, em relação à “patente fundamental do rádio”.
É interessante notar que Tesla, em 1898, descreveu não somente a transmissão da voz humana, mas também de imagens, e posteriormente projetou e patenteou dispositivos que envolviam as fontes de energia que fazem funcionar os tubos de TV atuais. As primeiras e primitivas instalações de radar, em 1934, foram construídas seguindo os princípios, principalmente os relativos a freqüência e potência, já descritos por ele em 1917.
Em 1889 Tesla construiu uma estação experimental em Colorado Springs, onde ele estudou as características da alta freqüência, ou de frequências de rádio em corrente alternada. Lá ele desenvolveu um potente rádio transmissor em um projeto singular, e também um número de receptores “para individualizar e isolar a energia transmitida”.
Ele realizou experiências para estabelecer as leis da propagação das ondas de rádio, as quais estão atualmente sendo “redescobertas”, e mesmo verificadas, após alguma controvérsia, nas altas energias da física quântica.
Tesla escreveu em “Century Magazine” de 1900:”…que a comunicação sem fio para qualquer ponto do globo era possível. Minhas experiências mostraram que o ar em sua pressão normal torna-se um condutor, e isto abre um panorama maravilhoso para a transmissão de grandes quantidades de energia elétrica para propósitos industriais a grandes distâncias sem o uso de fios… sua realização prática poderia significar que a energia estaria disponível ao uso humano em qualquer ponto do globo. Não posso conceber nenhum avanço técnico que poderia, melhor do que este, unir toda a humanidade, ou que poderia mais e mais economizar a energia humana… “. Isto foi escrito em 1900!
Depois que terminou os testes preliminares, o trabalho começou em uma estação tamanho gigante em uma praia recuada de Long Island. Tivesse entrado em operação, ela poderia prover enormes quantidades de energia elétrica para os circuitos receptores. Depois da construção de um prédio de geração (ainda de pé) e uma torre de transmissão de cerca de 55 metros de altura (dinamitada durante a Primeira Guerra Mundial, sob o dúbio pretexto de ser uma referência potencial para a navegação de barcos alemães, os U-boats), o suporte financeiro para o projeto foi repentinamente cortado por J. P. Morgan, quando tornou-se manifesto que tal projeto de fornecimento de energia não poderia ser medido e nem cobrado.
Uma outra das invenções de Tesla, que é familiar a qualquer um que já tenha possuído um automóvel, foi patenteada em 1898 sob o nome de “ignição elétrica para motores a gasolina”. Mais comumente conhecida como o sistema de ignição do automóvel, seu principal componente, a bobina de ignição, permanece praticamente sem mudanças desde o seu aparecimento, na virada do século.
A generosidade de Tesla eventualmente deixou-o sem fundos suficientes para prosseguir realizando as suas invenções. O seu idealismo e humanismo deixavam-no desanimado com as intrigas do mundo industrial e financeiro. Seu laboratório de Nova Iorque foi destruído por um incêndio misterioso. Referências ao seu trabalho e às suas realizações foram sistematicamente expurgadas da literatura científica e dos livros de texto.
Levado a um exílio fechado em um hotel de Nova Iorque entre as duas guerras, 20 anos de uma potencialmente rica e produtiva contribuição foram tiradas de nós. As únicas ocasiões em que aparecia em público eram nas entrevistas anuais à imprensa na data de seu aniversário, que ele descreveria invenções espantosas e de grande alcance, e sobre as possibilidades da tecnologia.
O futurólogo e pacifista…
-Mas Tesla foi muito mais do que simplesmente um excêntrico ou o estereótipo do cientista maluco. Ele foi, acima de tudo, um visionário ou como dizemos atualmente um “futurólogo”, mas diferentemente dos que hoje circulam por programas de TV e revistas, Tesla, além de saber do que estava falando, efetivamente criava o futuro através de suas invenções.
Isto fica patente em sua descrição de um sistema de comunicação global:
“”Reprodução mundial de imagens fotográficas e de todo tipo de desenhos e gravações […] transmissão mundial de caracteres, cartas, cheques etc. […] estabelecimento de um sistema mundial de distribuição de música…””
Seria a descrição acima uma visão da Internet, transformada em realidade somente mais de 50 anos depois? Ao ler estes trechos chega a soar estranho, parece até um engodo, mas não é. Tesla também antevê a era da robótica e dos drones utilizados para operações militares.
Aliás sobre guerra e paz Nikola Tesla tem opiniões muito interessantes que valem a pena citar:
“”A guerra não pode ser evitada até que a causa física de sua ocorrência seja suprimida, e esta, em última análise, é a vasta extensão do planeta em que vivemos. Só com o aniquilamento da distância sob todos os aspectos, como a transmissão de informações, o transporte de passageiros e suprimentos e a transmissão de energia, as condições serão um dia atingidas, garantindo a permanência de relações amigáveis. Aquilo de que mais precisamos hoje é um contato mais próximo e um maior entendimento entre os indivíduos e as comunidades no mundo inteiro […]” ”
“”A paz só pode vir como consequência natural da educação universal e da mistura de raças, e ainda estamos longe desta feliz realização […]””
Numa entrevista conduzida em 1919, Tesla forneceu algumas informações valiosas com relação ao desenvolvimento do seu processo de pensamento criativo.
“Na minha juventude, eu sofria de uma aflição peculiar devido ao aparecimento de imagens, muitas vezes acompanhadas por fortes clarões de luz, que arruinavam a visão dos objetos reais e interferiam no meu pensamento e ação. Essas imagens retratavam coisas e cenas que eu já tinha visto, nunca daquelas que eu imaginava. Quando uma palavra era falada para mim, a imagem do objeto que ela indicava se apresentava vivamente na minha visão e algumas vezes eu ficava quase incapaz de distinguir se o que eu via era tangível ou não… [Algumas vezes] na tranquilidade da noite, uma imagem cheia de vida de uma cena se enfiava na frente dos meus olhos e lá permanecia apesar de todos os meus esforços para afugentá-la. Algumas vezes ela permanecia estável no espaço apesar de poder enfiar a minha mão através dela.”
Numa descrição notável do seu próprio processo cognitivo subjetivo, Tesla descreve em detalhes precisos as qualidades da sua imaginação interna durante o processo de invenção:
“Quando eu fecho os olhos, eu primeiro observo invariavelmente, um fundo de um azul muito escuro e uniforme, como o céu numa noite clara sem estrelas. Em poucos segundos, esse campo se torna animado com inumeráveis flocos verdes cintilantes, arranjados em diversas camadas e avançando na minha direção. Então, na direita, aparece um bonito padrão de dois sistemas de linhas paralelas e rigorosamente espaçadas, um em ângulo reto com o outro, com todos os tipos de cores com predominância do amarelo, verde e dourado. Imediatamente, por essa razão, as linhas ficam mais brilhantes e todo o conjunto fica salpicado com muita luz brilhante. Essa imagem se move devagar através do campo de visão e em cerca de dez segundos desaparece na esquerda, deixando para trás um terreno de um cinza muito desagradável e inerte o qual rapidamente dá lugar a um encrespado mar de nuvens, aparentemente tentando moldá-las em figuras vivas. É curioso porque eu não posso projetar uma forma nesse cinza até que a segunda fase seja atingida.”
Por hora, o verdadeiro legado de Tesla está sendo lentamente reconhecido. A corte suprema declarou pouco após sua morte que Tesla era o verdadeiro inventor do rádio, não Guglielmo Marconi. Tesla foi reconhecido como o inventor da lâmpada fluorescente, o tubo amplificador a vácuo e a máquina de raios X. Livros de história estão lentamente começando a incluir estes fatos.
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